O bloco Pilantragi, nome inspirado na música de Wilson Simoninha, começou como uma festa pessoal de Rodrigo Bento, mas o projeto cresceu, se tornando uma das festas mais conhecidas no cenário da noite paulistana. Como consequência desse sucesso, ganhamos o bloquinho de rua Pilantragi, que agita o Carnaval de São Paulo desde 2013! O Blocos de Rua conversou com Rodrigo Bento para saber mais sobre a história do bloco, confira.
Desde pequeno frequentava bailes de carnaval em clubes de São Paulo e de Minas Gerais. Profissionalmente, minha relação com o Carnaval começou em 2013, com a ideia de criar o Bloco Pilantragi. Já fazia um ano que o projeto existia como festa, mas a vontade de ocupar a rua e abrir espaço para novos artistas nos motivou a criar o bloco. Quando decidimos, não pensamos em todas as responsabilidades que englobam o processo de ocupar a rua e representar a maior manifestação cultural brasileira. Foram muitas descobertas desde então.
Sempre rolam imprevistos. A primeira vez que saímos, em 2013, éramos 1500 pessoas. Já no ano seguinte esse número aumentou para 15 mil. Foi uma loucura! Saímos com pouca estrutura esperando no máximo 4.500 pessoas. Também em 2014, por falta de comunicação entre os órgãos envolvidos, não conseguimos concluir o processo de autorizações e saímos sem quase nenhum apoio. Para se ter ideia, ao final do bloco fizemos a limpeza de todo quarteirão da concentração com voluntários. Passamos muitas horas fazendo isso. Para nós, a maior dificuldade é obter apoio. Já são 7 anos no carnaval e nesse tempo só tivemos um patrocinador. Todo orçamento é levantado por meio de outras festas durante o ano. E o nosso carnaval já começa no primeiro semestre com a pré produção das aulas de percussão gratuitas.
Veja também:
– Agenda de Blocos SP: confira datas e horários dos Blocos de Carnaval de Rua de São Paulo
– Lista de Blocos SP: confira a relação com todos os Blocos de Carnaval de Rua São Paulo
Já vi casamentos, gravação de clipes no meio do bloco, famílias inteiras fantasiadas com mesmo tema, entre tantos outros registros. Em 2017 saímos com dois carros e um deles quebrou no meio do caminho, na ladeira. O outro conseguiu concluir o trajeto e nós ficamos com pelo menos 15 mil pessoas atrás do carro parado em uma grande festa. Eu toquei nesse dia. Quando o outro carro concluiu o trajeto foi um grande encontro. O que era para ser um problema transformou-se em uma grande celebração.
Acredito que existe espaço para resgatar e também para disseminar diferentes manifestações artísticas que fazem parte da cultura brasileira durante todos os dias do ano. O Carnaval é apenas uma delas e engloba muitas outras coisas. Por exemplo, temos uma agenda de apresentações para que a nossa banda, dançarinas e novos integrantes da bateria possam preparar-se durante o ano para o dia do desfile. Tudo isso para apenas 4 horas de ocupação da rua. E a cada ano o tempo é menor.
O Carnaval mudou muito ao longo do tempo e são poucos os blocos tradicionais que conseguem manter sua história. Como organizador, vejo que falta apoio, reconhecimento dos órgãos envolvidos, e compreender que o acesso a cultura traz benefícios para a população toda, que precisa viver o cotidiano da rua com segurança. Sem convivência não existe evolução.
Nenhuma expectativa. Infelizmente o congelamento da Cultura no Brasil mata pouco a pouco nossa história. E isso inclui o Carnaval. Nossa maior conquista acontece durante todo o ano que é ter pessoas apaixonadas pelo carnaval e pelo encantamento que ele promove quando une pessoas diferentes em torno da música, das cores e da magia. Nós fazemos carnaval sempre que resgatamos nossas raízes em nossas festas. Fazemos isso desde 2012 em mais de 650 ações. Carnaval é Manifesto. É resistência.